9 de mai. de 2013

Porque estou em greve...



Recado a todos os meus alunos.

Gostaria de dizer-lhes algumas palavras a respeito dos movimentos que estão ocorrendo tanto no sistema estadual quanto no sistema municipal de educação (Estado e Município de São Paulo).

Nós, professores em greve, estamos lutanto sim por melhores salários. E esta causa é totalmente legal e justa. Qualquer profissional com nível superior recebe salários melhores do que os nossos. E esse dinheiro será por nós investido na manutenção de nossas vidas, de nossas famílias, mas também em nossa formação profissional: o que traz retorno à educação de todos vocês.

Mas nossa luta também é por mais que isso: é por melhores condições de trabalho e de ensino. Nossas salas estão superlotadas, o que impede que consigamos dar a atenção individualizada que nossos alunos requerem e merecem. Nossa carga horária de trabalho não prevê tempo suficiente pra a preparação de aulas e materiais e para a avaliação das atividades. A grande maioria de nós simplesmente trabalha DE GRAÇA, muitas vezes aos finais de semana, para dar conta de todas essas responsabilidades.


No sistema estadual, temos professores (chamados de categoria O), que possuem direitos reduzidos: são demitidos ao final do ano para não gerar vínculo empregatício, não têm direito a 1/3 de férias, 13º salários, seguro desemprego, etc. Não podem ficar doentes... isso mesmo NÃO PODEM FICAR DOENTES, porque se isso acontecer, dependendo do tempo de duração, ou da frequência, podem ter seus contratos cancelados. Também não possuem o direito de utilzar o Plano de Saúde dos Servidores Públicos, como os demais professores. Enfim, exercem o mesmo trabalho que todos nós, mas são tratados de maneira diferente.


No sistema municipal temos um programa de inclusão que não inclui ninguém de verdade, pois não temos a formação necessária, nem um número de alunos por sala adequado, nem estrutura adequada.

Os governos estadual (PSDB) e municipal (PT) têm tentado colocar a sociedade, os pais, e os alunos contra nós, dizendo que não pensamos em vocês alunos. Mas o que ocorre é exatamente o contrário: esses governantes - que criam todos os entraves possíveis para garantir mais dinheiro para a educação, mas que não ficam nem ao menos corados de vergonha ao aumentar seus próprios salários - ao não valorizarem a escola pública e seus profissionais, mostram todo o seu descaso com relação aos alunos, a vocês.

Eles, que cobram bons desempenhos em suas avaliações externas, culpando professores pelos insucessos, em nenhum momento investem na reestruturação de seus sistemas de educação. Adianta dizer que o professor é mal preparado e não garantir o tempo necessário, remunerado, para sua preparação? Adianta questionar os métodos pedagógicos e não garantir os momentos adequados de preparação e avaliação das atividades? Adianta cobrar atenção individualizada e não reduzir o número de alunos por sala?

Não, isso não adianta, e isso só tem um nome: HIPOCRISIA!

Desculpem-me se me extendi, mas tenho certeza de que vocês têm o direito de conhecer nossa realidade, e assim poderem tomar suas próprias conclusões.